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Mark of the Deep é mais um passo da Mad Mimic em busca da excelência

Provavelmente um dos grandes lançamentos brasileiros de 2025, Mark of the Deep é uma aventura extensa, consistente, que pretende apresentar ao jogador uma narrativa vasta e atrelada a uma jogabilidade desafiante.

Desenvolvido pela Mad Mimic, esse jogo com elementos de soulslike e metroidvania chega nesta sexta-feira, 24 de janeiro, para PC e consoles.

Nós recebemos uma cópia para PC, jogamos na Steam, e trazemos para você nossas impressões sobre esta aventura pirata.

Mad Mimic no ajuste fino

Mark of the Deep é o maior lançamento da Mad Mimic até o momento. A desenvolvedora tem apresentado jogos consistentes desde No Heroes Here, contando ainda com uma colaboração com a Mauricio de Sousa Produções em Mônica e a Guarda dos Coelhos, e chegando ao ápice com Dandy Ace.

Chegamos a Mark of the Deep, uma aventura sobre piratas ilhados, com combates no estilo soulslike e progressão metroidvania. E gostei muito da consistência que o jogo apresenta e a evolução da desenvolvedora a cada novo projeto.

Para compararmos, caso você tenha jogado Death’s Door (o jogo do corvinho) da Devolver Digital, pode imaginar boa parte de como é Mark of the Deep. Os dois jogos tem muitas similaridades, mas a temática e execução da narrativa torna o jogo brasileiro algo único e que vai tentar reivindicar o protagonismo entre os lançamentos indies em 2025.

Tive um bate papo com o produtor do jogo durante a gamescom latam, em que ele destacou a sinergia entre mecânicas de combate e narrativa como foco no desenvolvimento de Mark of the Deep. Levando isso em consideração, vou me aprofundar nesses dois tópicos a seguir.

Naufragando na ilha amaldiçoada

Jogar é bom, pois nos leva a muitos mundos diferentes, aventuras empolgantes, novas abordagens para temas que já foram usados várias e várias vezes ao longo dos séculos. E embarcar, ou melhor, naufragar nessa empreitada pirata, nos oferece uma nova abordagem sobre os infortúnios de uma tripulação tentando ganhar a vida em mares revoltos.

Mark of the Deep conta a história de Rookie, um dos membros da tripulação do Sereia, que acaba de naufragar numa misteriosa ilha que surgiu diante deles ao emergir do mar.

Rookie, acorda em um local estranho e começa a explorar o local e se depara com estranhas estátuas, como se um cataclisma houvesse ocorrido. Mas não são apenas as estátuas que habitam essa ilha, pois ela está abarrotada de monstros. Mas quem os lidera?

Ao se embrenhar na ilha, Rookie começa a achar os membros de sua tripulação, um por um. Entretanto, eles estão se transformando em monstros marítimos. Ele então os leva a um acampamento, um local onde uma rocha sagrada e iluminada pode protegê-los de se transformar, enquanto Rookie, que não é afetado por essa estranha maldição, perambula pela ilha, desvendando seus mistérios. E eles são muitos.

Um estranho culto de homens-peixe habita a ilha. Sua história é contada por tabuletas sagradas espalhadas por vários locais da ilha. Eles esperam um escolhido que poderá salvar a todos e livrar a ilha da maldição.

Entre homens-peixe, piratas, monstros e maldições temos uma composição narrativa densa, com diálogos falados, o que dá mais credibilidade à história.

O que nos leva a outra parte inerente de um jogo: sua jogabilidade.

O anzol daquele que carrega a marca

Se você jogou e curtiu a jogabilidade de Death’s Door, vai se sentir em casa com Mark of the Deep. Em questão de gameplay eles são muito similares – o que para mim é ótimo, pois gosto muito da pegada de jogos assim.

Rookie tem à sua disposição um anzol bem grande, que aqui usa não para pescar, mas descer o cacete nos inimigos. Esse anzol pode receber melhorias, aumentando seu dano e alcance. Além disso, conta com outros itens de combate, como uma pistola, que também podem receber incrementos semelhantes ao anzol.

O nosso heroi pirata também recebe itens consumíveis, como cura e artefatos que podem ser equipados e lhe render bônus passivos, como maior dano, agilidade ou até efeitos especiais, como proteção ao se curar.

Mark of the Deep é um jogo extenso, que traz muita história, e com isso, para além da campanha principal, temos aqui várias side quests, itens coletáveis e locais escondidos para explorar em biomas e cenários diversos, com muita personalidade.

Mas o cerne aqui são os combates aliados aos puzzles. Quanto aos quebra-cabeças, não é nada complexo, com a maioria deles se valendo de um level design competente e que deixa ainda mais divertido navegar pelo cenário – afinal, estamos falando de um metroidvania. O que apimenta a resolução destes puzzles é o combate, pois em boa parte da aventura você terá que resolvê-los enquanto é detonado por vários inimigos.

Os inimigos aqui são um show à parte: eles possuem times diferentes de combate, habilidades que desafiam nossas capacidades de raciocínio rápido e sinergia para nos encurralar em espaços pequenos. Como um jogo baseado em suas batalhas, Mar of the Deep se destaca e entrega o que promete. E isso se reflete ainda mais nos combates contra os chefes, todos com habilidades únicas, se tornando um desafio especial e gratificante.

Vale a pena jogar Mark of the Deep?

A somatória de todos os aspectos citados acima me levam a crer que Mark of the Deep é um jogo que deve ser jogado, caso você tenha oportunidade. Ele oferece algumas dezenas de horas de jogatina, combate desafiador, arte e animações cativantes e um mundo totalmente novo para conhecer. Mas existem pontos que incomodam:

  • Como disse no tópico anterior, embora o combate seja competente, por beber da fonte do soulslike, algumas execuções podem testar sua paciência, pois o hitbox parece um pouco impreciso, o que gera inimigos com zonas de ameaças maiores, o que ocasiona danos em golpes que visualmente te erraram por pouco;
  • A dublagem é um dos pontos altos e baixos ao mesmo tempo. Ter esse recurso a disposição agrega ainda mais profundidade a história que está sendo contada. Levando em consideração que é uma produção indie, ter várias vozes ao longo de todo o jogo é algo que deve ser apreciado. No entanto, embora não possa afirmar que o erro tenha sido da direção de dublagem ou dos dubladores – que não são profissionais da área, em sua maioria influencers -, a falta de emoção de muitos personagens prejudicou a experiência para mim;
  • Pode soar meio contraditório, pois disse nos tópicos acima que a narrativa era densa, e ela é, de fato. O problema é que ela flui de maneira atribulada. Entre a missão principal e as paralelas, o conteúdo, conversas e textos parecem um pouco atrapalhados. Isso não atrapalha o entendimento da história, mas como em um texto, às vezes a mão de um editor faria muita diferença ali. O que me parece é que não houve uma revisão nessa parte e tudo o que foi escrito entrou no jogo, tornando o volume muito grande. Isso gera informações desnecessárias, que poderiam ser repassadas ao jogador de maneira bem mais simples.

Então, não, Mark of the Deep não é um jogo perfeito. Você não deve jogá-lo por causa disso? É óbvio que não, pois procurar isso num jogo é bobo. Reafirmo que Mark of the Deep é um lançamento consistente e deve figurar entre os melhores jogos indies e brasileiros em 2025. Ele teve suas falhas, mas nada disso me fez parar de jogar. Garanto a você que a aventura de Rookie irá lhe desafiar do começo ao fim, então não deixe essa oportunidade naufragar e se divirta nesta ilha misteriosa e amaldiçoada. 

Mark of the Deep está disponível para PC via Epic Games Store e Steam.

Jogamos Mark of the Deep no PC via Steam com um código fornecido pela Mad Mimic através da agência Masamune.