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Par de estrelas misteriosas traz mais perguntas do que respostas para a ciência

Quando astrônomos viram esse par de estrelas pela primeira vez, ele parecia comum. A princípio, os pesquisadores acreditaram se tratar de objetos numa fase bem conhecida da formação de estrelas. Mas quanto mais eles analisavam o par, menos ele se encaixava nos padrões. No fim, o artigo sobre a pesquisa – que ainda será publicado – traz mais perguntas do que respostas sobre essas estrelas.

Ao detectarem dois objetos com características de absorção de luz associadas a moléculas de gelo, isso não foi considerado estranho no começo. Afinal, esse tipo de característica é observado tanto em objetos estelares jovens (YSOs, na sigla em inglês) com discos gelados ao redor quanto em estrelas atrás de densas nuvens de materiais que incluem muito gelo.

Então, vieram as características incomuns. O par não está numa região conhecida de formação estelar. Não parecem haver nuvens densas nas proximidades. E a distribuição de energia infravermelha desses dois objetos atinge o pico de cinco micrômetros. Isso corresponde a nenhum YSO ou estrela de fundo conhecidas. E é curto demais para modelos de emissão de luz a partir de estrelas.

Quanto mais se investiga par de estrelas (possivelmente) geladas, mais enigmático ele fica

Investigações com o telescópio Atacama Large Millimeter Array (ALMA) detectaram sinais de monóxido de carbono, óxido de silício e gás nos objetos. Mas nenhuma emissão de poeira. Isso sugere que essas estrelas podem representar um tipo inédito de objeto gelado interestelar. Em outras palavras, essas podem ser um novo tipo de estrela.

Par de bolinhas geladas no espaço identificado por astrônomos pode ser novo tipo de estrela (Imagem: Takashi Shimonishi/Universidade Niigata)

Os dois objetos estão alinhados na direção do braço Crux-Scutum da Via Láctea. Mas suas distâncias variam muito. Estima-se que o Objeto 1 esteja entre 6,5 mil e 30 mil anos-luz. Já o Objeto 2, cerca de 43,7 mil anos-luz. Esse alinhamento peculiar permanece um mistério.

As tentativas de associar os espectros ao gás de monóxido de carbono também falharam. Nenhuma das nuvens observadas parece estar suficientemente distante para explicar os objetos, o que acrescenta mais incertezas em relação a elas.

Se as estimativas de distância estiverem certas, os objetos são extremamente brilhantes. Para você ter ideia, significaria que eles emitem pelo menos 30 vezes a luminosidade do Sol. Já seu tamanho máximo, cerca de dez vezes o do Sistema Solar, descarta a possibilidade de serem grandes aglomerados estelares.

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Hipótese e próximos passos

Aglomerado de estrelas
Astrônomos estão na fila para usar o telescópio James Webb na esperança de resolver mistério sobre par de estrelas (Imagem: ESA/Webb, NASA & CSA, H. Dannerbauer)

Os pesquisadores levantam a hipótese de que os objetos possam ser estrelas avançadas na fase AGB. Elas teriam expelido materiais a grandes distâncias, o que permitiu a formação de gelo. Mesmo assim, há diferenças significativas em relação a estrelas desse tipo.

  • A fase AGB, ou Ramo Assintótico das Gigantes, é um estágio na evolução de estrelas de massa intermediária a baixa, como o nosso Sol, que ocorre após a fase de gigante vermelha;
  • É uma fase relativamente curta, mas importante, que antecede a transformação da estrela em uma anã branca e a formação de uma nebulosa planetária.

Para resolver o enigma, os cientistas solicitaram o uso do telescópio espacial James Webb (JWST), segundo a New Scientist. Enquanto aguardam na longa fila de observações, o estudo foi aceito para publicação no Astrophysical Journal e está disponível no ArXiv.org.

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